
O objetivo da Standard 241, Control of Infectious Aerosols é estabelecer requisitos mínimos para o controle de Infecção por aerossóis . É um padrão abrangente destinado a abordar um setor que realmente não é coberto nas normas de QAI (qualidade do ar de interiores) existentes. É algo bem novo e há uma série de novos conceitos. A norma introduz algo chamado ar limpo equivalente e também o modo de gerenciamento de risco de infecção (tradução livre de IRMM – Infection risk management mode)
Então a 241 é uma norma que responde à pergunta:
Como faço para garantir que o meu prédio esteja bem se eu quiser me preparar para a próxima pandemia?
A primeira resposta é quantificar o volume de ar que você precisa no modo de gerenciamento de risco de infecção (IRMM) . A segunda é que você precisa encontrar todas as maneiras possíveis de alcançar o ar limpo equivalente. Naturalmente, uma maneira é o ar externo limpo, a outra é o ar filtrado limpo , e há também o ar limpo desinfetado .

Para tanto, o projetista deve consultar as tabelas da 241 e determinar quanto de ar limpo equivalente deve ser fornecido e subtrair o volume de ar que é realmente fornecido. O desafio é determinar a melhor maneira de fornecer o adicional de ar limpo.
A ideia do ar limpo equivalente utiliza um conceito poderoso de ventilação por diluição sem ar externo, valendo-se de filtros purificadores de ar e germicidas ultravioleta e outras tecnologias. Assim é possível ir além do ar externo mínimo exigido pela 62.1, valendo-se de unidades filtrantes de alta eficiência que retornam o ar de um compartimento para depois insuflar num outro ambiente, como se fosse um volume de ar de renovação externo.

Com a COVID todos sabiam que era necessário mais ar de renovação e a 241 veio responder a pergunta do milhão: Qual é a quantidade de ar renovado necessária? Qual é esse número? e gastou-se muito tempo para se chegar a este valor e a metodologia de cálculo é bem complicada. (Veja um resumo no apêndice D da 241)
A 241 sustenta a ideia de que o risco em todos os espaços deve ser mais ou menos o mesmo. Quando você mudar de um espaço (na escola) para um outro ( no escritório) , você deve estar sob o mesmo risco, não importando quantas horas você fique lá. A ideia do risco ser o mesmo por hora, não importando em qual tipo de espaço fechado você está, é muito importante, pois todo mundo está em algum lugar 24 horas por dia.
Quando a 241 foi feita não se sabia qual era a propagação comunitária do vírus, qual era a taxa de infecção comunitária. A taxa é muito variável, depende do indivíduo, depende da intensidade da infecção, depende do seu sistema imunológico. Adicionalmente não é um risco individual, nem um risco pessoal. É o risco médio para a população como um todo.
Assim a 241 não decidiu quando o gatilho deve ser acionado. As autoridades ou o pessoal da saúde pública decidirão quando será disparado o gatilho.
Nas outras normas, como 62.1 e 62.2, há inclusão de operações e manutenção, já a 241 tem outros detalhes e novidades, o IRMM é um novo conceito:
Modo de gerenciamento de risco de infecção. (tradução livre de Infection Risk Management Mode)
Na norma há descrições do tipo de manutenção extra que você tem que fazer quando está em IRMM. Você precisa fazer a manutenção das coisas com um pouco mais de cuidado do que quando não está no modo IRMM.
O IRMM precisa ser determinado por algum responsável que pode ser uma autoridade, um funcionário da saúde pública, mas também um proprietário de um prédio ou até mesmo um usuário de um edifício.

É importante dizer que todas as coisas que a 241 exige que aconteçam só têm que acontecer quando alguém determinar que o modo IRMM é apropriado, quando chegar a hora certa.
A norma 241 está apenas esperando por esse momento e não afeta a operação normal dos edifícios, pelo menos não diretamente, e é por isso que não se encontra nada sobre a qualidade do ar de interiores nesta norma. A qualidade do ar de interiores é uma premissa, você já deveria ter aplicado a 62.1 e 62.2.
Ratificando: É só quando há uma epidemia ou alguém disser que você tem que estar nesse modo IRMM que você inclui esses fluxos de ar extras. São coisas que você quer fazer em determinados momentos, mas não precisa fazer isso o tempo todo.
Por outro lado, agora devemos ter edifícios que estejam prontos para responderem rapidamente à norma 241, e que todas as decisões já tenham sido tomadas de antemão, e não em uma situação de pânico como foi o caso há três anos. Tudo deve ser instalado e deve estar pronto para funcionar. Basta apertar um botão ou o que quer que seja que inicie o IRMM, e não sair às pressas para comprar tudo novo. Todos os equipamentos devem estar em uma espécie de hibernação. Tudo deve estar pronto para ir para o modo IRMM quando o gatilho for puxado.
Quando a norma 241 começará a ser adotada é uma incógnita e não há certeza de que isso venha a acontecer logo. Uma norma é o requisito mínimo necessário e geralmente definida como o pior caso permitido por lei, mas isso não deve significar que ela não será adotada voluntariamente por muitos.
Por exemplo, se você é proprietário de um prédio comercial ou um prédio de apartamentos, você pode conseguir atrair mais clientes dizendo: Nosso edifício está protegido contra a próxima epidemia pois seguimos a 241, então você pode cobrar mais pelo aluguel. Você pode querer apenas tornar sua casa compatível com a 241, não porque alguém lhe disse para fazê-lo, mas porque você quer fazê-lo. Quando há uma epidemia as autoridades mandam as pessoas para casa: por um lado os prédios de escritórios ficam mais limpos, por causa da menor densidade, mas as pessoas passam mais tempo em casa.
Uma possível consequência não intencional é que ao se colocar filtros melhores (alta eficiência) no AHU (air handler unit ) para se adequar à 241, todos irão se beneficiar disso no modo normal. A qualidade do ar será melhorada de graça, por assim dizer. É como matar dois coelhos com uma cajadada só: QAI (qualidade do ar de interiores) e eficiência energética ao mesmo tempo.
A norma 241 traz um grande desafio na área de eficiência energética: A 241 não vai ter um tremendo impacto no consumo de energia?
Em primeiro lugar, você só estará fazendo isso quando há uma epidemia por perto. Então, mesmo que consuma muita energia, isso pode valer a pena, ou o custo pode ser secundário. E nem tudo precisa ser somente ar externo. Você pode se adequar sem qualquer ar externo adicional usando filtração, recirculação ou ultravioleta ou uma série de outros meios.
O Projetista/designer aumentou ainda mais a sua importância: ele deve olhar para o clima local e suas condições para decidir o que faz mais sentido para o prédio que ele está projetando.
Fonte:
ASHRAE Journal Podcast Episode 26
26. Infectious Aerosol Control: Understanding Standard 241
https://www.ashrae.org/news/ashraejournal/ashrae-journal-podcast-episode-26
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